Cinco dicas para lidar com a obesidade infantil

É recorrente a pergunta: “você atende crianças?” Cresce cada vez mais o número de crianças com o sobrepeso e obesidade. Como consequência as mães se desesperam e não sabem o que fazer para reverter este quadro.  As causas deste aumento são diversas:

  1. Muitos pais e crianças não conhecem quais são as comidas saudáveis e como prepará-las;
  2. Falta de acesso das famílias a opções saudáveis e baratas;
  3. Falta de exemplo positivo: as crianças observam seus pais, professores e as celebridades nos comerciais se alimentando mal e não querem fazer diferente;
  4. O número excessivo de comerciais sobre junk food: nos EUA as crianças assistem a cerca de 5.500 comerciais sobre junk food e apenas 100 comerciais sobre frutas e vegetais. As crianças são influenciadas pelo desenho animado e as celebridades que vendem Mc Donald´s e afins;
  5. Vício em açúcar;
  6. Uma variedade maior de comida industrializada;
  7. Falta de tempo e organização dos pais;
  8. Cantina e almoços não saudáveis nas escolas;
  9. Falta na grade escolar de uma disciplina que aborde questões alimentares.

Para mudar a alimentação da criança é necessário mexer na dinâmica de toda a casa. De nada adianta a criança fazer dieta enquanto sua família divide uma pizza. Também não é ela que vai ao mercado e faz as compras do mês.

Vou apresentar 5 dicas para ajudar a reverter este cenário:

1 – Lidere pelo exemplo. Se quiser beber refrigerante não podem exigir que o filho beba água. Muitos pais pensam “eles não vão gostar” e por isso nem oferecem. A mudança mais importante é na dinâmica familiar e, sem ela, nenhuma criança muda. A obesidade infantil é um reflexo do que está acontecendo no ambiente, na família e não pode ser vista de forma isolada. É importante investigar: Qual é o lugar da comida na família? Em que momentos a criança tem vontade de comer? Tem a ver com algum evento que está acontecendo na casa? Em que momentos é oferecido comida a criança? É um “cala boca”? É uma forma de dar carinho?

2 – Leve as crianças para hortas com intuito de mostrar como as plantações crescem.
Isso faz com que estabeleçam uma outra relação com a natureza e com aquilo que se alimentam. Quando elas se relacionam com a comida, perdem o nojo e provam uma variedade maior de alimentos. Coloque a criança em contato com a natureza, faça-a entender como a planta é cultivada e como cozinhá-la. Ensine as crianças a gostarem da comida a partir das plantações: elas gostam de cuidar das plantas e prová-las. Comer algo que foi criado por elas ajuda a mudar o relacionamento delas com a comida;

3 – Explique o que é um prato saudável ou procure instituições e/ou lugares que o façam.
Em algumas escolas dos EUA existe uma matéria sobre nutrição que ensina quais são as comidas industrializadas e as naturais e falam sobre o que é um prato saudável e quais alimentos podem substituir os processados. Nesta matéria as crianças aprendem o quanto de açúcar existe nas bebidas e elas também são incentivadas a fazerem um diário alimentar. Já vi algumas escolas no Brasil levarem as crianças para o Hortifrúti e ensinar sobre verduras e frutas.

4 – Envolva as crianças no preparo dos alimentos.
Elas são curiosas e aposto que adorariam brincar de cozinhar junto com os pais. Identifique uma forma segura de colocar a criança para ajudar.

5 – Coloque os alimentos em recipientes opacos, para evitar a sedução dos rótulos dos alimentos industrializados, que são extremamente atrativos. Os pacotes fazem os alimentos parecerem maravilhosos: são coloridos, dizem que tem vitaminas e minerais. Uma boa estratégia é mudar o recipiente.

Mudar a dinâmica familiar não é uma tarefa fácil, mas não vejo outra forma de mudar a realidade de uma criança. Por isso acho fundamental incluir e responsabilizar os pais nessa empreitada, afinal a criança aprende o que, quando e como comer com os adultos.