Como podemos aprender a emagrecer com as francesas?

Em uma recente viagem pela Europa tive a oportunidade de vivenciar uma outra concepção de alimentação completamente diferente do Brasil. Observei que na Europa não existe esta obsessão por comida saudável e nem por corpos musculosos como no Brasil. Lá se consome açúcar branco normalmente e ele não é substituído por adoçantes. A farinha branca também é a mais utilizada e o setor de diet e light não é tão grande como no Brasil. Percebi também que nas livrarias e bancas o setor sobre fitness é bem pequeno.  Em Paris, por exemplo, são servidas refeições em quatro etapas: pão (com glúten e com lactose) com manteiga, entrada, prato principal e sobremesa. E claro… não podemos esquecer da taça de vinho para acompanhar. Percebi que as pessoas não se sentiam culpadas por comer doce ou pão e quase não vi academias pelas ruas. Apesar deste cenário vi uma maioria de corpos magros desfilando pelas ruas e quis entender melhor o que poderia aprender a partir desta concepção de alimentação. Achei alguns estudos que compararam as culturas francesa e americana e exponho as principais diferenças levantadas até então:

  1. – A atitude dos americanos frente a comida contrasta com a atitude francesa que parece ser mais relaxada e orientada pelo prazer. Esta diferença aparece quando os franceses optam por alimentos mais gordurosos que são evitados pelos americanos e, apesar deste comportamento, os franceses apresentam menos doenças cardiovasculares do que os americanos – o que caracteriza o paradoxo francês. Enxergar a comida como uma fonte de prazer e não de preocupações pode favorecer a saúde.
  2. – Os franceses ingerem menos calorias, uma variedade maior de comida, beliscam menos entre as refeições e tem refeições mais longas. Além disso, o tamanho das porções francesas são menores.
  3. – Um artigo estudou as diferenças na maneira como pais franceses e americanos alimentam seus filhos. Os pais americanos usaram mais o alimento para regular emoções e comportamentos dos filhos (usando a comida como recompensa, por exemplo). Além disso, o estudo verificou que os pais franceses deram melhores exemplos aos filhos em relação aos pais americanos.
  4. – Para os americanos as doenças possuem causas externas (toxinas, germes, dieta) enquanto os franceses enxergam a doença como algum desequilíbrio interno, o que pode levar os americanos a se preocuparem mais com a alimentação.
  5. – O franceses levam mais tempo em cada refeição e, de fato, eles têm uma cultura contemplativa. O franceses permanecem horas nos cafés e brasseries apenas observando o movimento das ruas. A comida não é central neste programa – eles podem permanecer horas tomando o mesmo cappuccino. Quando comparamos com a realidade brasileira verificamos que tal prática é impensável para nossos padrões. Se vamos a um bar ou café estamos o tempo todo bebendo, comendo e/ou falando. O francês pode permanecer longos períodos em silêncio.

É ótimo pensarmos em todas estas questões por um outro viés e desnaturalizar nosso ponto de vista tão influenciado pela cultura brasileira. Será que não podemos levar estas preocupações com alimentação e corpo de forma mais leve? Será que uma dieta com metas muitas vezes irreais e horários pré-estabelecidos não nos deixa mais rígidos, perfeccionistas, restritivos e, consequentemente, mais ansiosos e compulsivos?